Pare de Chorar- educação financeira – parte2

Pare de Chorar- educação financeira – parte2

por Jurema Cintra Barreto

advogada, militante em Direitos Humanos e as vezes “psicóloga” de alguns clientes


No post anterior você viu que se não parar urgentemente de Comprar suas finanças que já estão no beleléu vão se afundar mais e mais. Acredite esse poço é bem fundo. Problemas financeiros já são a principal causa de Divórcio, Depressão, Faltas no Trabalho, Suicídio, entre outros. É grave mesmo e é uma epidemia brasileira, 41 milhões de pessoas com nome sujo segundo a SERASA. Um deles é você, mas se está lendo este artigo já temos uma chance de mudar. Falo tanto de experiências pessoais quanto profissionais da advocacia atendendo os super-endividados.

Se você não entender que este local que se meteu foi por sua única e exclusiva responsabilidade vai sempre querer achar culpados e nunca achará soluções, e a culpa é um fardo pesado demais, vejam as frases que mais ouço:

  • Foi meu primo que pediu emprestado o cartão
  • Foi meu marido que me endividou
  • Foi minha vizinha que sujou meu nome
  • Foi por que eu gosto de ajudar
  • Foi por causa da promoção, eu não calculei os juros
  • Foi a doença de minha mãe, tive gastos inesperados
  • Foi a Faculdade que aumentou demais
  • Foi a Presidente
  • Foi por que eu fico nervosa e não sei como negar, aí emprestei meu nome
  • Foi por confiança demais, meu namorado comprou um carro em meu nome
  • Foi por que meu negócio foi sabotado

Sim, algumas pessoas podem ter sido desonestas contigo neste caminho, mas ninguém colocou uma arma em sua cabeça. Tomar consciência que os ERROS foram cometidos por nós mesmos e sabendo da sua responsabilidade, sem se martirizar, ainda mais, e, finalmente procurar as SOLUÇÕES. Aprender com nossos próprios erros e NUNCA, nunca mais repeti-los. Dizer não é difícil, mas é um exercício que precisa ser feito todos os dias, tem ditado antigo assim ” Quem empresta, não presta”. Todas as vezes que emprestamos nosso nome, além de ficar sujo na praça ainda nos indispomos muito com a pessoa que não cumpriu o acordo, amizades são perdidas, brigas familiares são travadas. Paremos de chorar leite derramado e vamos à luta.

Leia sites de educação financeira. Leia blogs de pessoas que venceram estas dificuldades, como o Fly, coreógrafo da Xuxa. Veja matérias na televisão sobre o assunto. Descubra o seu caminho. Não existe receita pronta, mas existe milhares de possibilidades para você tentar e que dão certo com muitos e muitas por aí, por que não daria certo contigo. Informação é primordial. Abandone um pouco o Facebook e o Instagram, pois ver fotos de seus amigos viajando não vão pagar suas dívidas e essa felicidade toda em redes sociais é um tanto fictícia, montada e manipulada. Leia, converse, quanto mais você souber sobre o tema, mais recursos terá em suas mãos. Prazer mesmo é não ter dívidas, ter amigos e bons livros de cabeceira.

Chorar não paga dívidas, aliás a Mara Luquet, a consultora de finanças da TV fala exatamente isso em seu livro “Tristeza Não Paga Dívidas”. Chorar e ficar esperando um milagre não vai acontecer não adianta.  Tem gente que ainda pega o pouco que tem e gasta em jogos de azar, outro dinheiro jogado fora. Se não é um recurso extra, nem pela diversão você está perdendo a oportunidade de poupar.

Se você é funcionário público, pare de chorar e de comprar e de fazer empréstimos. Passe uns meses de aperto, mas acabe com este hábito. A vida é instável por mais que um concurso pareça tão maravilhoso assim. Surpresas financeiras podem acontecer com qualquer um. Você vai sair dessa. Se não consegue sozinho, desabafa com um amigo de sua confiança. Dá medo mesmo não é? Algumas clientes choram muito quando vem no escritório para resolver alguma questão dessas super-dívidas. Eu repito: VAMOS MATAR UM LEÃO A CADA DIA. É uma sensação de impotência terrível, você luta tanto, passa numa prova difícil, ganha até bem, mas não consegue ter uma vida razoável, não consegue ser bem sucedido como o vizinho da mesa do escritório. Primeiro vamos ter cuidado com o Recalque, aí só a psicologia mesmo, a grama do vizinho sempre será mais bonita. A segunda coisa é que isso acontece com qualquer pessoa, uma honesta, uma pessoa batalhadora, “trabalhadeira”, mas em algum momento você se perdeu, não foi, algum golpe inesperado da vida, uma viagem mal planejada, um eletrodoméstico comprado na prestação a perder de vista, um acidente? Enfim, o que você precisa é aprender com os erros, se errou ao comprar financiado objetos não-duráveis, nunca mais faça isso em toda sua vida. Parou?????

Se você tem carteira assinada ou é autônomo também terá de parar de comprar, parar de chorar um hora. Procure alguma renda extra. Faça um bico, numa festa, num evento, venda sonho(Palmirinha começou assim), revenda algo que não precisa de investimento inicial, do tipo se sua amiga vende Mary Kay, faz uma parceria, venda para ela e peça uma porcentagem menor. Não tenha vergonha, como falo sempre vergonha é não fazer NADA, vergonha é ficar de braços cruzados. Trabalho sempre é algo muito digno.

Só que se você parou de comprar, parou de chorar e está se movimentando, lembre-se que esse dinheiro extra é para pagar as dívidas e não para comprar mais. Fez um bico, pague a conta do açougue, da farmácia, a luz atrasada. Conversar com os seus credores também é bom, pois isso lhe dá credibilidade, a mentira e enrolação vai piorar seu estado emocional.

E apoio  emocional é tudo que a gente precisa nestas horas. Um colo, uma palavra de afago e descobrir que somos fortes sim e que apesar de demorar um pouco esta tempestade vai passar.

Dica 1 – PARE DE COMPRAR

Dica 2 – PARE DE CHORAR

 

Pare de Comprar – educação financeira- parte1

Pare de Comprar – educação financeira- parte1

por Jurema Cintra

Advogada, militante de Direitos Humanos e quase psicóloga de  alguns clientes.


Ultimamente estou atendendo muitos super-endividados e sempre percebo que os problemas deles são menos jurídicos e mais comportamentais. De educação financeira realmente.
Esta semana vou postar em 7 dias, 7 dicas para colaborar nesta luta.
Como disse @ivetesangalo na série “As Brasileiras” : Melhor o seu nome no Serasa do que na boca do sapo”. Com humor que vamos falar de consumo consciente.
É este o problema: CONSUMO. Compramos por que é legal, compramos por que está na moda, compramos por que está na novela, compramos por que minha amiga do Facebook tem, por que precisamos ser aceitos.
Você não vai conseguir organizar suas finanças se não parar pelo menos por um tempo. Para seu salário entrar e você respirar. Para você não ter mais aquelas pequenas dívidas que levam seu dinheiro para o ralo.

Confesse : você deve a vizinha que vende Avon, a amiga que vende Natura, a colega de trabalho que traz coisas importadas, a prima, do amigo da vizinha que vende roupas, deve ao primo por que pediu o cartão de crédito emprestado para dividir a festa de São João em 10 vezes. Engraçado que na festa que vem você chora pois ainda está pagando a “curtição” do ano passado. O seu limite estourou, e você fez aquele cartão da loja do shopping e da outra loja também. É tão fácil se endividar e os bancos amam este tipo de comportamento, muitas vezes obsessivo. Então se você não Parar de Comprar essa bola de neve numa vai parar de crescer.
Uma forma divertida e lúdica de parar por um tempo são os desafios .
Desafio 180 dias sem comprar roupas. Veja o blog Um ano sem Zara 
Desafio 180 dias sem comprar cosméticos.
A ideia é usar tudo que tem, misturar roupas e fazer novos looks, postar nas redes para se divertir no caminho, reformar, consertar, doar o que não serve, reorganizar o guarda-roupa . Usar todos os seus batons, use um pincel e vá até o fim, vire os potes de creme, use tudo e só compre um shampoo novo quando o outro acabar. Você deve ter maquiagem vencida, mas vai comprando por que aquela cor está na moda. Então pare e use tudo que tem. 

Eu fico impressionada quando ouço frases de clientes e amigos assim:

  • Como vou viver sem aquele short (da marca famosa)? Resp-  Roupa é uma casca. Bom é ter roupa boa e sem dívida
  • Como vou viver sem ir para aquele show(do sertanejo da moda)? Resp- Vivendo. Bom é não ter dívida!
  • Mas meu filho queria e eu tive de comprar o celular caríssimo em 24 vezes com 100000% de juros(na prestação da loja)!  Resp- Você está criando um filho ou um pequeno ditador?
  • Era promoção e não pude perder e aí comprei mais de um sapato, mesmo sendo igual! Resp- promoção enganação
  • Estou devendo, mas o outro banco mandou cartão e eu aceitei! Resp- Ligue de volta e cancele
  • Tenho 24 cartões de crédito!! Resp- Quebre todos e vá, aos poucos negociando as dívidas
  • Quando fico triste vou ao shopping! Resp- Ficou triste: leia poesia
  • Tenho empréstimo consignado, empréstimo na conta corrente, empréstimo em débito automático, empréstimo no cheque, empréstimo no carnê e devo ao agiota, ao meu vizinho, a minha mãe!(Isso tudo foi uma pessoa só) e acredite são tantos assim! Resp- Psicólogo urgente, Isso é TOC- Transtorno Obsessivo Compulso de Consumo. Ajuda especializada.
  • Tenho vergonha por que devo! Resp- acredite muitos outros estão igual a você, então não é vergonhoso, é difícil, claro, mas o primeiro passo só você pode dar, vá no CDL de sua cidade e pegue sua certidão do SERASA, lá poderá ter uma ideia de suas dívidas . Se você conversar com dois amigos verá que algum deles está do mesmo jeito.

Reflita se você precisa mesmo deste ou daquele coisa, aí vem uma importante questão filosófica, Ter é mais importante que Ser?

Não esqueça que parar de comprar é também diminuir o consumo geral. Luz apagada, torneiras fechadas, tomadas desconectadas, pegar mais ônibus, pesquisar preço de gasolina, pode parecer pouco, mas no final de 12 meses imagina a economia?? Com a diminuição dos gastos do mês, aos poucos você começara a enxergar seu dinheiro voltar e dar mais valor ao mesmo.

Sabe o que é ser chique: é ter Saldo POSITIVO EM SUA CONTA BANCÁRIA!
Deixe seus cartões de crédito em casa e bem guardados, se possível pede para sua mãe ou marido esconder. Cartão é bom, mas é crédito, muitos usam o limite como se já fosse seu, já conta com este valor para o mês e a dívida não para de crescer.
Aprenda dizer NÃO E PARE DE COMPRAR. Lembre-se que é uma mudança de hábito e não vai ser rápido. Pode demorar meses ou anos para você se reestabilizar, mas vai funcionar e esses ensinamentos vão te acompanhar para toda vida.

Dica 1- PARE DE COMPRAR

Bloqueio temporário do WhatsApp revela histeria coletiva

Bloqueio temporário do WhatsApp revela histeria coletiva

Ou de como se pode fazer justiça sem luz, sem internet e sem aplicativos

por Jurema Cintra Barreto

advogada, militante de Direitos Humanos e atualmente blogueira nos minutos vagos


Muitos estão se preocupando como se comunicar sem o Whatsap. Bem, existem outros milhares de aplicativos de comunicação disponíveis, inclusive  o próprio Facebook tem milhares de funções. Mas a TV e a mídia apresenta um pânico absurdo é exagerado. Precisamos lembrar que se trata de uma empresa privada que está descumprindo a lei e uma decisão judicial, uma empresa privada que lhe fornece um serviço aparentemente gratuito, por que ganha bilhões em publicidade e com venda de dados, quando defendemos um aplicativo é bom ter a consciência que estamos defendendo uma corporação financeira bilionária que é o facebook, dono do aplicativo whatsap, então não existe nada de inocente nestas escolhas que fazemos, nas estratégias que eles utilizam de mobilização de seus usuários.

Mas o que fazer sem o uso de certas tecnologias que já nos acostumamos tanto?? Certo dia eu fazia uma audiência no finado Juizado Modelo da Uesc em Ilhéus na Bahia, e faltou luz. Era uma audiência simples de direito do consumidor, um acordo de 500 reais. Por conta da louca distribuição automática do Projudi- processo eletrônico, se você morasse em São Domingos poderia ter o risco de ter audiência no Salobrinho, quem conhece são bairros bem distantes. E aí o impasse. Eu advogava para uma micro-empresa, o autor da ação estava sozinho e louco para receber os 500 reais, como afirmei era um pedido simples e a empresa pagaria o que o autor solicitou. A conciliadora não pensou duas vezes, pediu nossos nomes, anotou, disse que iria fazer uma certidão assim que a luz voltasse e remarcaria a audiência a posteriori, eu receberia a comunicação on-line, era processo eletrônico, e o consumidor receberia a carta com a nova data. Teríamos de nos deslocar de novo por conta da paralisação do fornecimento de luz. A cara da conciliadora era de desespero, aguardamos um pouco mas os funcionários já se preparavam para sair e ir embora, sem luz tudo parava.

Daí que em meio aquele tumulto por causa da falta de energia fiz a seguinte fala:

Eu: Dra. Rita, a conciliadora, por que não usamos a tecnologia?
Ela: como assim?
Eu: uma tecnologia que revolucionou a sociedade, algo que marcou a história da humanidade, que nos fez evoluir enquanto espécie, algo tão extraordinário que era privilégio das aristocracias e reis, mas que hoje é um direito humano.
Todos me olhando sem entender.
Eu: A ESCRITA.
Todos: ahhhhhhh
Ela: mas e a cópia? Para as partes?
Eu: Dra, tem outro instrumento tecnológico que se chama papel carbono.
Fui eu em busca nas salas no departamento e colegiado de Direito, desci na xérox de seu Zé(o eterno) e voilá .
Dois papéis carbono na mão, redigimos a ata manualmente, e o autor voltou feliz da vida com seu direito atendido e uma viagem a menos.
Em tempos de bloqueio de aplicativos, relembrar de como chegamos aqui faz muito sentido e que sim, é bom utilizá-los mas não é o fim do Planeta, temos potencial criativo suficiente para nos reinventar ou reinventar o modo de utilizar as antigas tecnologias, um bom papo, uma ligação afetuosa para um amigo podem ser suficientes nestes dias de abstinência, palavra usada por especialistas, já que o vício por internet e redes sociais é considerada doença classificada pela Psiquiatria. Basta ver os milhares de memes sobre o bloqueio, com personagens surtados, frases de efeito, desespero e humor nas imagens para tratar de um assunto sério. Gosto de falar sobre consumo consciente e até no consumo de tecnologia temos de ser comedidos e ponderados. Para mim, que já estou liberta a algum tempo e para quem não leu fica a dica do meu artigo em que dei  Adeus ao aplicativo Whatsap. e até hoje não voltei e não me faz nenhuma falta. Com um e-mail ou um ligação de 2 minutos resolvo tudo que preciso sem ficar horas escrevendo em conversas infinitas e que me trouxeram uma tendinite desconfortável.

Bee or not to Be? O dia em que voltei para sala de aula.

Bee or not to Be? O dia em que voltei para sala de aula.

Por Jurema Cintra Barreto

Advogada, amante de agricultura urbana e agora apaixonada por abelhas sem ferrão


 

De certo que muitos já conhecem meus declínios por horta em casa, agricultura urbana, permacultura, compostagem caseira e por isso criamos a Fan Page Help Horta para divulgar tais conhecimentos e compartilhar ideias criativas.

Outro dia a Eliane Brum, uma jornalista reconhecida publicou um artigo intitulado Todo inocente é um F.D.P. , todas nossas relações humanas, principalmente as de consumo estão interligadas. Pensar no alimento que ingerimos, no que entra em nossa casa é algo extremamente relevante. Daí que tentamos construir dia-a-dia um mini-pomar e uma horta urbana, a ideia é ter hortaliças orgânicas e uma farmácia viva com ervas medicinais.

Daí que chegam elas,: as abelhinhas e ficamos mega-felizes, enfim desde a escola primária aprendemos que elas ajudam a polinização, ok?? Mas tinha uma diferença, essas abelhudas além de saborear o néctar das flores, estavam chupando as frutas mesmo, devorando as pitangas e o que fazer?abelha na pitanga

É comum vermos pessoas, agricultores e até bombeiros colocando fogo em abelhas, de certo que temos medo de sermos ferroados, picados, enfim. Mas as bonitinhas que cá apareceram não tinham ferrão, eram pequenas, dóceis e pretas, tão diferentes!!! Sempre gostei de vê-las rondando as plantas por causa da polinização, mas as vezes me afastava com medo de picadas. Por intermédio do colega advogado Fabiano Resende, fui convidada para um Curso de Abelhas sem Ferrão, conhecido como “Meliponicultura”??? O quê? me xingou toda? Bem eu fui, pois além de conhecer a famosa Quinta da Paz em Ilhéus eu iria descobrir o que fazer com estas abelhudas. Neste dia voltei para “sala de aula”, aula de campo é claro, um “Meliponário Didático” Bem, eu tinha mesmo que descobrir este conhecimento fantástico. No início foi estranho, aquele pessoal da Biologia , cheio de termos técnicos(mais que o Direito)… Oxente? Me perguntei 3 vezes o que eu estava fazendo ali, no meio de biólogas, doutoras, produtores, técnicos. Mas vamos lá, a Quinta da Paz é linda, o proprietário paciente e as goiabas estavam ali, amarelas e prontinhas para o “furto” programado, e decidi ficar.

Meliponário Didático- escola

Na aula de campo, alunos atentos, professora mais que Generosa

Descobri a roda, o fogo, descobri a internet,  e minha ficha não havia caído(é, eu era do tempo do orelhão que a ficha durava 3 minutos e caía), redescobri o Brasil.

Nossa, eu adoro Mel e não sabia a riqueza que a Mata Atlântica tinha, que o país todo guarda em seus diferentes biomas. Elas estão na América Latina e o Brasil guarda o maior número delas, mais de 200 espécies de abelhas sem ferrão, dóceis, de manejo tranquilo, convivendo conosco todo este tempo. Atividade fantástica, a meliponicultura é sustentável, não prejudica o meio-ambiente, convive e precisa da mata, das floradas silvestres, mas se adapta em ambiente urbano. Quanta beleza nas abelhinhas brasileiras. A que mais conhecemos é a importada Apis africana que tem ferrão grande e veneno para inocular e viramos as costas para nossas espécies genuínas mansas e pacíficas.

Em apenas um dia de curso me apaixonei severamente, conheci pessoas dedicadas como a professora Paulina da CEPLAC e a professora Generosa Souza da UESB, a Genna, de uma generosidade em difundir o conhecimento que supera seu nome. Abrimos caixas, fizemos iscas, capturamos abelhas, transferimos ninhos e dividimos enxames, provamos todo tipo de mel, de abelha Uruçu  Amarela, Jataí, Mandaçaia, vimos uma raridade, a abelha Plebéia, andamos a mata, trocamos experiências, conheci produtores urbanos, que tem suas lindas caixas racionais  em casas e condomínios. Provamos Mel com sabor de abacaxi(tinha pés da fruta por perto), Mel rosado com gosto de jamelão, alguns dulcíssimos, outros mais azedinhos, é indescritível a sensação de provar tais iguarias, cada Mel coletado parece único!! Escrevi Mel com letras maiúsculas pois grandes são seus sabores e valores.

Eu, amante da agroecologia, filha de geógrafos, observadora da natureza, descobri um mundo até então obscuro para mim, a bio-diversidade em todas as suas minúsculas formas, as milhares de possibilidades do uso do Mel de Melíferas sem ferrão, uma riqueza natural que poderia se transformar em fonte de renda sustentável para a agricultura familiar brasileira.

Abelhinhas do meu quintal, obrigada pelo aparecimento, agora sei que vocês polinizam e muito minha horta e ainda irão produzir mel saboroso e único. Sempre achei  maravilhoso servir para minha família e amigos saladas orgânicas, agora pense em servir mel colhido na hora, no quintal, e de floradas nativas? Além de sustentável é muito elegante não é?

Bee or not to be? Sem abelhas não existe alimento!!!

A perdida guerra contra Dengue ou O papel de bala mais caro do mundo

A perdida guerra contra Dengue ou O papel de bala mais caro do mundo

Por Jurema Cintra Barreto


 

Quanto custa nossa negligência:
Você joga papel de bala no chão.
O agente de limpeza urbana varre a rua, mas aquele papelzinho fica escondido naquele cantinho.
Chove muitos.
O mosquito Aedes Aegipty pousa e deposita ovos na piscininha do papel de bala.
Depois de alguns dias as larvas eclodem.
Os mosquitos estão adultos e vão voar por aí.
O agente de endemias vai na sua casa.
O mosquito põe novos ovos na sua casa, naquela tampinha de garrafa que você esqueceu no quintal.
O agente de endemias visita sua casa.
O mosquito pica você e seu filho.
Você tem febre.
Você tem dores no corpo.
Você tem manchas.
Você tem enjoo.
Você não pode trabalhar e tem de dar atestado.
Você deixa de produzir.
Você tem de levar seu filho ao médico também.
Seu filho não vai para escola e ficará atrasado na matéria do bimestre.
Seu filho perde aquela prova importante.
O agente de endemias vai em sua casa.
Chove de novo.
O mosquito colocou ovos na casa de seu vizinho que insiste em ter plantas em vasos de água.
Você vai ao posto de saúde.
Lá estão , você , seu filho , o vizinho do vizinho e assim sucessivamente.
Não tem médico suficiente para todo mundo.
Não tem enfermeiro suficiente para todo mundo.
Não tem cadeira suficiente para toda mundo.
Seu vizinho que é o atendente do posto de saúde está cansado e se sente humilhado com volume de trabalho e volume de pessoas desproporcional.
O médico está cansado e humilhado com volume de trabalho e volume de pessoas desproporcional.
Não tem concurso público a muitos anos e falta médicos.
Você está mal a muitos dias e fica 6 horas na fila esperando um diagnóstico.
Não tem exame confirmatório para todo mundo.
Você toma um sorinho na veia e volta para casa

O incansável agente de endemias visita sua casa insistentemente.

Você MORRE de dengue hemorrágica.
Seu filho fica órfão e o INSS vai pagar pensão.
Seu esposo fia viúvo e o INSS vai pagar pensão.
Seu esposo fica viúvo e vai entrar com ação de reparação de danos na justiça.
O agente de endemias vai em sua casa.
O processo vai demorar 10 anos e vai ter de pagar advogado.
Vai mobilizar recursos da justiça com os salários dos promotores, juízes, e funcionários.
Seu esposo vai receber indenização do governo por negligência médica e diagnóstico errado.
O agente de endemias visita sua casa.
A indenização será paga com seus e meus impostos.
Com raiva de pagar IPTU mais caro seu vizinho vai para um protesto na porta da Prefeitura e na concentração joga um PAPEL DE BALA no chão…

E lá se foram milhares de reais, milhões em recursos públicos  indo “papel de bala” abaixo!!!