Big Brother Passarinho

Clientes relatam problemas de vizinhança e conflitos. Eu que não deixo por menos, ganhei um binóculo e fico olhando mesmo a vida deles. Big Brother Passarinho!!!Tucano, periquito, pica-pau, quero-quero, sabiá laranjeira, bem-te-vi. Sofrê, rolinha, cardeal, canário da terra , sabiá da Praia. Lavandeira, andorinha, sangue de boi, coruja. Ô, que vizinhança boa eu tenho!!!


Observação urbana de pássaros já é um hábito antigo. Agradeço ao meu pai , Marialvo Barreto, geógrafo que tanto me ensinou à observar a natureza. Não consigo entender que desejo mórbido move as pessoas a terem pássaros presos. Um egoísmo imenso já que querem o canto deles só para si, a um custo alto, a pena de privação de liberdade, prisão perpétua para as aves.

Em Itabuna a Praça da Catedral de São José e em Ilhéus a Praça da Catedral de São Sebastião são tomadas por centenas e milhares de periquitos todos os dias à tarde. O tilintar intenso logo chama atenção dos turistas. Aos olhos dos Santos protetores eles se refugiam em meio ao caos urbano.

Com a construção de condomínios e a derrubada da Mata Atlântica em Ilhéus eles estão migrando para os bairros. Alimente, faça bebedouros de água, observe-os livres, preserve, denuncie quem caça ou prende. Plante uma árvore frutífera em sua casa, rua, condomínio, no terreno vazio ao lado de sua casa, na Praia , na mata. Faça sua pequena parte.

Por Jurema Cintra Barreto 

Advogada que ama ver pássaros livres !

Restaurantes e sustentabilidade

Restaurantes e sustentabilidade

por Jurema Cintra Barreto

advogada e amante de viagens


 

Viajo muito devido o trabalho e também por que gostamos. Olho os restaurantes em redes sociais, visito por indicação de amigos ou matérias em jornais e revistas e alguns é por sorte ou azar mesmo.

Como pratico agricultura urbana em casa me chama logo atenção quando vejo uma horta ou Pomar nos restaurantes.

O primeiro que me despertou para esta questão da Sustentabilidade foi o Paraíso Tropical em Salvador. O chef de cozinha e proprietário é o Beto Pimentel, seu rosto é famoso em revistas, programas de televisão e na cena soteropolitana. Então vamos começar por ele, passo aqui a analisar as hortas e o cardápio sustentável de cada um.

PARAÍSO TROPICAL– Salvador

O restaurante fica no Resgate em Salvador. É um escândalo do início ao fim. Desde o cardápio ultra-mega-super diferente ao ambiente. É um sítio e tudo vem dali e da Fazenda do Beto Pimentel, engenheiro agrônomo por profissão, chef de cozinha por convicção. Indo para o banheiro dá para ver uma iguaria baiana: o Biribiri, fruta azeda utilizada de diversas formas na culinária, desde um suco à conservas e moquecas. Você pode almoçar sobre um lindo pé de jabuticaba florindo ou produzindo a depender da estação.

foto-site oficial do restaurante paraíso tropicaç

foto-site oficial do restaurante paraíso tropical

Tudo, tudo no Paraíso tropical leva Biribiri e é muito bom. Pratos típicos repensados em seus nomes, aromas e combinações nos deixam com vontade de provar o cardápio inteiro. Começo com a fritada de Maturi(deve ser pedida junto com a reserva pois demora 1 hora), ao Dandá de Camarão, Sucos Sólidos e a sobremesa é uma surpresa a parte. Uma gamela com frutas da época, então sempre virá combinações diferentes durante o ano e é servida após o prato principal sem custo adicional. Frutas, cana cortada, doce de banana na palha e sacolinhas se você quiser levar o que sobrou. Toda essa fartura também vem da Fazenda do Beto Pimentel e se você der sorte peça para falar com o chef que é uma simpatia e uma escola viva da sustentabilidade. Sim, não é barato comer lá, mas o preço é absolutamente justo ao serviço e à proposta.

 

EMPÓRIO BAHIA – Itabuna

Não é só nos grandes centros que os empresários estão preocupados em sustentabilidade. Em Itabuna, no Sul da Bahia o restaurante Empório já um dos mais conceituados, basta ver sua excelente avaliação no Trip Advisor, mas quem chega no local nem sempre rapara ao seu redor. Logo no estacionamento de carros, vemos uma

horta orgânica

horta orgânica

grande tela de cobertura ao fundo, lá está uma bonita horta orgânica de onde vem todas as ervas e alguns legumes fresquinhos. É a proposta Da horta-Ao prato. Alface, rúcula, tomate cereja, manjericão, salsa, cebolinha, couve e algumas ervas medicinais. No almoço o prato executivo é BBB, bom, bonito e barato pois a proposta- combo, preço único incluído entrada, prato principal e sobremesa, agrada ao bolso e ao paladar. Tudo que você come vem direto da horta e mais, as garrafas de vidro dos vinhos são destinadas a projetos de artesanato na cidade de Itacaré.

 

 

A TOKA DO BODE– Itapebi

Capital, grandes centros, médias cidades e as pequenas também estão aderindo ao conceito de sustentabilidade.  Às margens do imenso e degradado Rio Jequitinhonha, está Itapebi, apenas 60 km antes de Eunápolis, fica na beira da BR  101. Município pequeno, mas que conta com uma Usina Hidrelétrica grande. A cidade baixa mantém um importante acervo arquitetônico.  Itapebi é visitada pelos proprietários de grandes fazendas,  pelos funcionários da hidrelétrica e das usinas de celulose em seu entorno. Na cidade alta, ao lado da Pousada do Pira está um pequeno restaurante, grandioso em seus pratos. A Toka do Bode é comandada por Adebônio, um ilustre morador que mantém uma bela horta nos fundos do estabelecimento. É manjericão, hortelá, cebolinha, coentro, quiabo, tomate e alecrim. Como Itapebi abate muito gado e sua pecuária é forte, a Picanha acebolada é fantástica. O nosso prato preferido é sem dúvida  a Galinha Caipira que é feita sob encomenda prévia (73-99984-1826)  e vem acompanhada de pirão, arroz, feijão tropeiro, macarrão e salada.

Se pode sentir todos os temperos frescos e orgânicos na galinha que só de falar esta escritora já está com água na boca. Sempre que lá estou para trabalho não deixo de forma alguma de reservar e comer a famosa galinha de Adebônio. O dono também é  agricultor urbano e cuida de sua horta com primor. Simples mas produtiva. A cidade fica 4 km da entrada da BR 101, chegando no Centro, na avenida principal qualquer pessoa poderá informar onde fica o restaurante, interior tem dessas coisas maravilhosas, todos se conhecem.

Não basta apenas comer, é preciso ter experiências, sensações, aquilo que ficará em nossa memória afetiva e gustativa. Sem dúvida comer no Paraíso Tropical, no Empório Bahia e na Toka do Bode além de ser gostoso e saudável é um ato recheado de lembranças.

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As impressões deste artigo são pessoais e não tiveram qualquer tipo de patrocínio dos estabelecimentos citados.

Bee or not to Be? O dia em que voltei para sala de aula.

Bee or not to Be? O dia em que voltei para sala de aula.

Por Jurema Cintra Barreto

Advogada, amante de agricultura urbana e agora apaixonada por abelhas sem ferrão


 

De certo que muitos já conhecem meus declínios por horta em casa, agricultura urbana, permacultura, compostagem caseira e por isso criamos a Fan Page Help Horta para divulgar tais conhecimentos e compartilhar ideias criativas.

Outro dia a Eliane Brum, uma jornalista reconhecida publicou um artigo intitulado Todo inocente é um F.D.P. , todas nossas relações humanas, principalmente as de consumo estão interligadas. Pensar no alimento que ingerimos, no que entra em nossa casa é algo extremamente relevante. Daí que tentamos construir dia-a-dia um mini-pomar e uma horta urbana, a ideia é ter hortaliças orgânicas e uma farmácia viva com ervas medicinais.

Daí que chegam elas,: as abelhinhas e ficamos mega-felizes, enfim desde a escola primária aprendemos que elas ajudam a polinização, ok?? Mas tinha uma diferença, essas abelhudas além de saborear o néctar das flores, estavam chupando as frutas mesmo, devorando as pitangas e o que fazer?abelha na pitanga

É comum vermos pessoas, agricultores e até bombeiros colocando fogo em abelhas, de certo que temos medo de sermos ferroados, picados, enfim. Mas as bonitinhas que cá apareceram não tinham ferrão, eram pequenas, dóceis e pretas, tão diferentes!!! Sempre gostei de vê-las rondando as plantas por causa da polinização, mas as vezes me afastava com medo de picadas. Por intermédio do colega advogado Fabiano Resende, fui convidada para um Curso de Abelhas sem Ferrão, conhecido como “Meliponicultura”??? O quê? me xingou toda? Bem eu fui, pois além de conhecer a famosa Quinta da Paz em Ilhéus eu iria descobrir o que fazer com estas abelhudas. Neste dia voltei para “sala de aula”, aula de campo é claro, um “Meliponário Didático” Bem, eu tinha mesmo que descobrir este conhecimento fantástico. No início foi estranho, aquele pessoal da Biologia , cheio de termos técnicos(mais que o Direito)… Oxente? Me perguntei 3 vezes o que eu estava fazendo ali, no meio de biólogas, doutoras, produtores, técnicos. Mas vamos lá, a Quinta da Paz é linda, o proprietário paciente e as goiabas estavam ali, amarelas e prontinhas para o “furto” programado, e decidi ficar.

Meliponário Didático- escola

Na aula de campo, alunos atentos, professora mais que Generosa

Descobri a roda, o fogo, descobri a internet,  e minha ficha não havia caído(é, eu era do tempo do orelhão que a ficha durava 3 minutos e caía), redescobri o Brasil.

Nossa, eu adoro Mel e não sabia a riqueza que a Mata Atlântica tinha, que o país todo guarda em seus diferentes biomas. Elas estão na América Latina e o Brasil guarda o maior número delas, mais de 200 espécies de abelhas sem ferrão, dóceis, de manejo tranquilo, convivendo conosco todo este tempo. Atividade fantástica, a meliponicultura é sustentável, não prejudica o meio-ambiente, convive e precisa da mata, das floradas silvestres, mas se adapta em ambiente urbano. Quanta beleza nas abelhinhas brasileiras. A que mais conhecemos é a importada Apis africana que tem ferrão grande e veneno para inocular e viramos as costas para nossas espécies genuínas mansas e pacíficas.

Em apenas um dia de curso me apaixonei severamente, conheci pessoas dedicadas como a professora Paulina da CEPLAC e a professora Generosa Souza da UESB, a Genna, de uma generosidade em difundir o conhecimento que supera seu nome. Abrimos caixas, fizemos iscas, capturamos abelhas, transferimos ninhos e dividimos enxames, provamos todo tipo de mel, de abelha Uruçu  Amarela, Jataí, Mandaçaia, vimos uma raridade, a abelha Plebéia, andamos a mata, trocamos experiências, conheci produtores urbanos, que tem suas lindas caixas racionais  em casas e condomínios. Provamos Mel com sabor de abacaxi(tinha pés da fruta por perto), Mel rosado com gosto de jamelão, alguns dulcíssimos, outros mais azedinhos, é indescritível a sensação de provar tais iguarias, cada Mel coletado parece único!! Escrevi Mel com letras maiúsculas pois grandes são seus sabores e valores.

Eu, amante da agroecologia, filha de geógrafos, observadora da natureza, descobri um mundo até então obscuro para mim, a bio-diversidade em todas as suas minúsculas formas, as milhares de possibilidades do uso do Mel de Melíferas sem ferrão, uma riqueza natural que poderia se transformar em fonte de renda sustentável para a agricultura familiar brasileira.

Abelhinhas do meu quintal, obrigada pelo aparecimento, agora sei que vocês polinizam e muito minha horta e ainda irão produzir mel saboroso e único. Sempre achei  maravilhoso servir para minha família e amigos saladas orgânicas, agora pense em servir mel colhido na hora, no quintal, e de floradas nativas? Além de sustentável é muito elegante não é?

Bee or not to be? Sem abelhas não existe alimento!!!