Nosso Quintal Bistrô – pérola de Ilhéus

Nosso Quintal Bistrô – pérola de Ilhéus

Olha só o privilégio. Eu moro ao lado do ÚNICO RESTAURANTE ORGÂNICO CERTIFICADO DE TODO O SUL DA BAHIA. É muito luxo.

Um ano atrás um amigo me convidou para almoçar numa segunda, sua sobrinha indicou um local bem pertinho de nossa casa. Estava fechado pois só abria de terça à domingo. Eu nem dei importância e hoje me lembro que fiquei 1 ANO inteiro de minha vida sendo tolhida deste prazer, por pura preguiça. Andar de carro dá nisso, a gente não explora o bairro, não conversa com os vizinhos, não participa do fluxo social.

Pois bem, 2 pessoas me marcaram em 2019 e eu fiquei curiosa. Segui no Instagram e FUI. Aí … que foi paixão a primeira vista. Comi um espaguete de palmito com filé mignon divino.

Levei meu esposo que amou, levei meus amigos, primos, parentes e aderentes, é sucesso e sucesso.

Nome: Nosso Quintal Bistrô

Proprietários: Hélia e Allan.

Local: Ao lado do aeroporto.

Comida: Vegana, Vegetariana e opção com carne separada. Pra todo gosto. A chef diz que gosta do equilíbrio.

E daí fui provando tudo. Eles não tem cardápio fixo, somente pratos do dia com produtos sazonais, ou seja, da estação, seus fornecedores são produtores orgânicos certificados que respeitam o solo e a natureza.

Tem salada com Muita PANC (Plantas alimentícias não convencionais), legumes fermentados naturalmente, tem kombucha, tem os chutney de cupuaçu. Meu esposo que ama carne, abre mão para comer a Salada com Falafel ou quibe Vegano. A salada do Bistrô é uma obra de ARTE:

Só de escrever eu já tô pirando de água na Boca. Vou toda semana, por que sempre tem novidades. Comer alimentos da estação é um hábito que faz bem à saúde do corpo e do planeta. Respeitando os ciclos naturais, sem pesticidas e agrotóxicos a natureza fornece em abundância. E bota abundância de receitas criativas.

É uma comida Slow Food, autoral da chef Hélia e você ainda faz amigos, conversa, ela te explica o prato. É tudo de bom e sustentável e BELO. Os pratos são de encher os olhos, de beleza e sabor, com flores comestíveis.

KOMBUCHA e cerveja artesanal. Essa mulher faz tudo com mãos mágicas e um sorriso cativante.

A sobremesa. Êita… tal de iogurte de leite de coco com fermentação natural tinha de ser tombado como patrimônio imaterial. Ou sorvete artesanal … ou o que ela inventar, sempre tem gostosuras.

É ao lado do aeroporto, espaço que não tem muitas opções como já abordei neste outro artigo, então chegou morrendo de fome de viagem… para lá rapidinho, leva as malas e que é na esquininha mesmo. Ou faz ao contrário, vai voar, 14, 15 horas? Chega mais cedo, por causa dos mega-engarrafamentos da ponte, e almoça no Bistrô, você vai sair de Ilhéus encantado com a potência da gastronomia agroecológica.

Preço moderado. Tem gente que acha caro… Mas … quanto custa o alimento baratinho do mercado? Quanto custa fica doente? Quanto custa contaminar solos, rios e águas com pesticidas? Quanto custa o trabalho análogo à escravidão em grandes fazendas? Quanto custa o desmatamento? Quantos custas as queimadas?

Alimento orgânico garante um preço justo ao produtor e qualidade para quem come e para a natureza. Tudo em equilíbrio. Então os custos externalizados do alimento orgânico é muito mais barato, ele não provoca nenhum ônus ao SUS , nem à administração pública, nem à justiça. Orgânico e Agroecológico mantém uma Economia Circular perfeita e sustentável, respeito ao solo, respeito às águas, respeito às pessoas, respeito aos povos da floresta e povos tradicionais, respeito à saúde. Pensa nisso antes de achar o orgânico caro. Tem um documentário que se chama o Alto Custo do Preço Baixo, tá no Youtube e vale cada minuto, o livro História das Coisas também mostra como a Economia Linear provocou o colapso ambiental no planeta.

Comer é um ato político. No Bistrô também é um ato de amor.

Cuscuz Marroquino com talos e folha de beterraba na salada – bom demais

Aceita cartões. Aceita carinho. Aceita curtir um jazz nos sábados de noite. Tábua de frios muito boa e especial. 60,00 dá para 4 pessoas tranquilo.

Estou falando com tanto entusiasmo que com certeza você está achando que ganhei alguma coisa dos donos , não é???? ledo engano, digo e repito em meu Instagram, minha profissão é Advocacia, se tiver parceria vai surgir de forma orgânica e real. Pago TODAS as contas onde vou, posso falar bem ou mal. Geralmente só falo bem, quando não gosto me calo ou mando mensagem privada, sempre construtiva e positiva, pois acredito numa comunicação não-violenta. E assim vamos… locais que gosto, eu gosto mesmo e apoio, por que amo ser papa-jaca de fato e de Direito e amo ver esta região crescer.

Desenvolvimento se faz com turismo consciente. Amo falar de Ilhéus, temos muitos problemas, mas temos uma RIQUEZA que precisa entrar no cenário turístico que é a Agricultura Familiar e Agroecológica.

No Bistrô Nosso Quintal dá para ver como essa riqueza é POTENTE E VIVA. Desfrutem.

Bistrô da Onça – para além do Vale do Capão

Bistrô da Onça – para além do Vale do Capão

Tempos que não tinha uma experiência gastronômica tão intensa.

E foi muito especial, por que nasci em Seabra na Chapada Diamantina, região belíssima no Centro da Bahia, nem sempre fácil de chegar e que já falei aqui sobre os caminhos.

Paraíso de Cachoeiras, trilhas, montanhas e paisagens deslumbrantes. De um povo criativo e uma culinária riquíssima.

Visitando os familiares na semana Santa, meu adorado primo agendou um almoço no Bistrô da Onça. Disse que eu iria gostar muito, que estava viajando demais para o exterior e precisava redescobrir a Chapada. Em parte tinha razão, por que estamos desbravando terras estrangeiras , contudo me sinto cidadã no mundo, onde estas fronteiras não existem.

11 horas da manhã saímos de Seabra, rumo 38 km para Palmeiras, via BR 242. Quem já está no Vale do Capão precisará de carro ou transfer.

Meu primo ia me contando no caminho e eu ficava cada vez mais ansiosa. Conhecer um restaurante no meio do mato, numa serra, ele me alertou: – comida vegetariana viu? mas se come muito.

Eu adoro comida vegana e vegetariana, aliás adoramos comer, o que importa é está gostosa. Como ele já tinha ido com a esposa outras vezes foram rasgando elogios aos donos.

Quando chegamos em Palmeiras, cidade que adoro e tem a casa mais linda da Chapada(no meu modesto entendimento), seguimos a sinalização no sentido do Capão. Quando termina o calçamento terá uma placa, então vire à DIREITA :

Resultado de imagem para vale do capão guine placa

foto: seligachapada.com.br

São mais 08 km adentro de estrada de chão. Carros muito baixos podem ter dificuldade.

É aparentemente longe, meio do mato, mas vale cada minuto da jornada.

Começam as placas do Bistrô da Onça, tem muitas indicações, até chegar no estacionamento.  Nosite do restaurante tem tudo bem descrito, não tem dificuldade.

A chegada já é uma surpresa, pois tem de deixar o carro 250 metros antes e ir andando. Você conhecerá a Horta orgânica, sintrópica de onde vem praticamente tudo que é servido nas mesas. Curiosa que sou, entrei e vi tudo, os processos agroecológicos, identifiquei um montão de coisas legais, a cobertura vegetal com palha de arroz vermelho, a cerca verde de palma, o galinheiro, as plantas misturadas seguindo a lógica da sintropia. Nem conversei sobre isso com os proprietários, espero estar certa… encontrar restaurantes que pensem em sustentabilidade é sempre um prazer, já escrevemo sobre este tema.

Só com reserva via Zap ou Facebook por que são apenas 4 mesas, tudo muito exclusivo e preparado na hora.

Amando tudo, desde a entrada, a casa numa arquitetura que dialoga com a mata, com a natureza,  banheiro todo aberto com vista para a serra.

Adega com rótulos incríveis e baratos, em comparação à distância, 100, 120 reais e aceita cartão. Pois é, lá nomeio da serra, a internet e a tecnologia nos unindo a Carlos e Jeff. Os proprietários e chefs que fazem tudo ali mesmo numa cozinha aberta. Nem vou colocar tantas fotos que é para não estragar o momento.

Queria comer daquela forma todos os dias, quanto primor, beleza, bom gosto, sabor intenso e marcante. AMAMOS!! Toda vez que for em Seabra terei de reservar um dia lá. Você que vai pro Vale do Capão, é perto  e incrível, aluga um carro por 1 dia, contrata um transfer, ajusta horários, por que é um passeio imperdível para tarde toda. Chegamos por volta das 13:00 e só saímos 16:40. Aliás alugar um carro para visitar a Chapada é providencial por que te dá muito mais mobilidade  para percorrer a zona rural de diversas cidades.

Como foram os pratos:

  • Chá gelado à vontade
  • Entrada/aperitivos
  • Sopa 
  • Salada com folhas e flores colhidos na hora 
  • Prato principal com pão Chapati  
  • Sobremesa
  • Claro- um bom brinde com vinho Argentino para homenagear o Carlos, que saiu da Argentina e veio nos presentear com tamanho bom gosto.

Ainda estou com os sabores e aromas na mente, impregnados. O cardápio depende da estação, da sazonalidade, tudo ali respeita a natureza e o ciclo da vida. Imagina minha angústia em saber que cada vez que formos terá pratos diferentes, minha nossa !!! A memória gustativa é algo muito forte e intenso, a salada com mostarda negra crocante e molho de vinagre de abacaxi e mostarda artesanal, me marcou muito. Também a sopa de cenoura que conseguiu ser tão boa quanto a da Bar Sete Maravilhas no Porto que já contei aqui.

O banheiro é um espetáculo a parte, a casa, a vista, a visão panorâmica da serra da Guiné, entrada para o Vale do Pati. Tudo perfeito. Na porta vimos uma revista aberta, da Azul. Adoro revista de avião, a gente descobre muita coisa escondidinha e tinha uma reportagem belíssima sobre o Bistrô da Onça, que você pode acessar aqui.

Últimas informações, como os donos trabalham sozinhos é preciso verificar antes os dias de funcionamento, em março de 2018 quando estivemos lá só funcionava de quinta à domingo. Tem de reservar pelo Zap ou Facebook, ligue antes para não haver imprevistos. Aberto apenas para almoço. Valor fixo por pessoa é de 100 reais em 2018.(vale cada centavo, muita comida de excelente qualidade – gente COMI DEMAIS). Aceita cartão de débito ou crédito. Comida Vegetariana, mas acredite você nem sentirá falta da carne. Nada como tirar 1 dia e comer algo diferente e muito saudável. A Chapada Diamantina é muito grande e diversa. Vale do capão é muito mais que somente a Vila. A Guiné tem seus encantos de vilarejo pequeno e agora tem restaurante digno de qualquer capital. Aventure-se para além do básico e #botarodinhanospés

Leia também : Caminhos para Chapada Diamantina- rodovias pela Bahia

                           Restaurantes e Sustentabilidade

                           Dicas de Ilhéus- curtindo as prais no verão

                           Ilhéus- Giro Gastronômico

Acompanhe nosso Instagram: @juremacintra – Advogada que Viaja