Por Jurema Cintra Barreto

advogada militante nas áreas de Direitos Humanos e Direito Previdenciário


Toda vez que acompanho um registro de União Estável converso sobre vários temas que devem constar na mesma: regime de bens, tempo de união, relação de dependência para fins de plano de saúde e previdência. Mas diferentemente do modelo padrão dos Tabelionatos , sempre coloco um tópico sobre decisão em caso de incapacidade temporária ou permanente. Acredito que os conviventes queiram decidir, caso o outro membro do casal estiver doente, se precisar tomar decisões em hospitais, cirurgia e aí … eu abordo com Sutileza e Veemência também a Doação de órgãos. No Brasil ainda é um tabu. Muitas famílias por medo, por desinformação, por intolerância não autorizam a decisão final. Deixo por escrito, lemos em voz alta, pergunto se já querem deixar sua manifestação de vontade de doar e de que o companheiro decida também se existir morte cerebral.

Sou adepta da doação de órgãos, dou sangue e já me cadastrei no Banco de Medula, além disso como acompanho casais gays é comum, pós morte, as famílias isolarem ou proibirem o contato de namorados e companheiros no hospital e até no cemitério por absoluto preconceito e discriminação. Nem sempre podemos salvar uma vida, ninguém sabe a forma como irá morrer, mas se você quiser, deixar por escrito já é um começo.