Ilhéus precisa Renascer

Ilhéus precisa Renascer

A noite desta segunda-feira, 22 de janeiro foi emblemática na cidade, telão na praça e grande expectativa para o primeiro capítulo da nova versão da novela Renascer da rede Globo. Uma novela tem uma preparação gigantesca antes de ser exibida. O texto original de Benedito Ruy Barbosa foi adaptado pelo seu neto, o também escritor Bruno Luperi. Para renovar e dar ar contemporâneo à narrativa, ele esteve no Centro de Inovação do Cacau- CIC , ou seja, ele foi beber da fonte da ciência, e ciência se faz com pesquisa, ensino e extensão.

Aqui estou há duas décadas, como uma ilheense de direito, pois recebi o título de cidadã, e,  também fiquei em casa na grande expectativa; quando adolescente já amei a primeira versão pois meus pais já eram leitores vorazes e apaixonados por Jorge Amado, mas morando no sertão de Feira de Santana, tudo aquilo que via na tela era um mistério: barcaça?  mel de cacau ? lida ? banderar cacau? secador ? cabruca ? que palavras eram essas ?

25 anos depois, um curso de Direito cursado dentro da UESC, a Universidade Estadual de Santa Cruz,  no Meio da Mata Atlântica e da Cabruca, ativista ambiental e terminando um mestrado de Conservação da Biodiversidade, assisto a novela com mais entusiasmo ainda, um encantamento que toca fundo, pois agora respiro ares grapiúnas e compartilho as dores e desafios do povo sulbaiano.

  Um trecho da fala do José Inocêncio jovem marcou-me na alma : “a gente não vai seguir a cartilha do governo, a gente vai seguir a cartilha da natureza”. Essa frase é disruptiva e pra quem vive em Ilhéus faz todo o sentido.

As cartilhas dos governos tendem a menosprezar a ciência, vilipendiar a natureza, descumprir regras clássicas dos direitos humanos e depois afirmar que todos os problemas ambientais são de “força maior”.

José Inocêncio fará sua fazenda Renascer, pois mudou suas ideias e ideais. Ideia errônea de que a natureza seria um recurso para ser extraído e não um ambiente a ser regenerado. Ideais para que a cultura do cacau não entre mais em colapso.

E colapso é bem o que o governo de Ilhéus sabe fomentar. Menosprezando que a cidade está no Bioma Mata Atlântica com alto índice pluviométrico, alta biodiversidade de fauna e flora, vilipendiando todos os conceitos de urbanização e mobilidade sustentável, descumprindo regras básicas de gestão e administração pública, a noite de RENASCER, foi um parto de horrores com as CHUVAS levando o pouco da dignidade que ainda nos resta.

Sem IDEAL, para adequação que leve à resiliência urbanística, são anos e anos de enchentes, dor e tormento. Um looping infinito de descaso, palavras vãs e  insuficiência de ações do poder público. Inação é a palavra mais exata. Enquanto os coronéis de Renascer são gladiadores pelo poder em si mesmo, autofágicos, destruidores de reputações, na vida política contemporânea, a diferença é que podemos assistir o espetáculo em tempo real pelas redes sociais, novos e velhos nomes sem qualquer IDEAL, sem qualquer ideia que agregue.

A ideia da ciência ambiental não é lutar contra o bioma, ao contrário, temos  de nos adequar às suas especificidades, com soluções baseadas na natureza, contudo uma cidade que sequer limpa seus bueiros e canais pluviais, não consegue falar em inovação.

Colapso, caos, chuvas, enchentes, lágrimas de famílias arrastadas pela lama, alma enlameada, depois do 1º capítulo da novela na segunda, vem o 1000º capítulo das chuvas na terça. É um looping infinito de desespero, de impotência, um mal estar generalizado.

A sensação é que a política de Ilhéus tem de morrer de morte morrida ou matada, para depois RENASCER sobre um frondoso tronco de Jequitibá e que Yroko abençoe essa terra adubada de sangue.

Jurema Cintra Barreto

Advogada e Ativista ambiental

Leia também: Mulher viajando sozinha ?

Os que não queremos ver

ENGENHO – Café Charmoso em Ilhéus

ENGENHO – Café Charmoso em Ilhéus

Quando alguém me chama para tomar um café , ou seja, bater um papo, conversar, eu dou risada, por que eu não tomo a bebida, desde criança não agrada meu paladar.

Mas… eu adoro ir em cafés em todas as viagens para comer tudo que tem lá, chás, chocolate, tortas, salgados, enfim, as guloseimas.

Ilhéus tem um café charmoso e bem especial, eu gosto muito do atendimento do Engenho Bueno Café e Bistrô, e mais ainda, eles preservaram o patrimônio arquitetônico, é uma casa linda do início do século XX, toda conservada com pé direito altíssimo, que demonstra o auge da riqueza do cacau que agora está retratada novamente na novela Renascer da rede Globo e que Jorge Amado tanto falou em seus livros. Ilhéus tem uma sanha destruidora de casas antigas que só a psiquiatria pode responder, é cada imóvel lindo que está caindo aos pedaços e tem até processos na justiça para punir os gestores públicos que deveriam cuidar e nada fazem,

O Engenho fica na Avenida Soares Lopes, super fácil de chegar andando ou de carro. Quem está vindo pelo porto, é rapidinho.

Na entrada você já se impressiona pela grandiosidade da casa.

O balcão de tortas é sensacional, quer comer um bolo bem confeitado e receitas super elaboradas ? É no Engenho.

Eu amo a Torta Marta Rocha com um chazinho. A Ferreiro Rocher também é divina, e de bolo eu entendo viu, é um vício, malho para isso, comer gostoso.

E acredite, tem muita doçaria em shopping que quando a torta chega está ressecada, dura e é puro açúcar. No Engenho não, a torta Marta Rocha é meu xodó.

Tem cafés especiais e baianos, isso é tão bom, valorizar os produtores locais.

E olha o ambiente das mesas … É tudo um charme. Serve almoço executivo com bom preço.

Acho ótimo sair do escritório, ir no café Engenho, comer gostoso e pegar um cineminha mais cedo, que é bem ao lado. E vai sair o post sobre Cinema de rua em Ilhéus, nosso CINE Santa Clara, que é um patrimônio cultural. Eu detesto entrar em shopping para ir ao cinema, o preço é uma fortuna, e só consumismo, gosto mesmo é curtir o filme. Esse mês assisti Mamonas Assassinas e foi massa, mês passado assisti GAL.

Os sucos são muito bons também, bem encorpados, tudo no Engenho é feito com produtos de qualidade, recomendo. E não é publi, que este site é independente, eu sempre vou lá como consumidora mesmo, os donos são bem gentis, eu sou advogada e as menções aqui são minhas avaliações pessoais. Sonhando ainda com convites e patrocínios …. kkk um dia a publi chega não é mesmo.

Saiba mais : FAQ Ilhéus – tudo que você precisa saber antes da sua viagem

Onde foi gravada a Novela Renascer ?

10 lugares imperdíveis em Ilhéus

Caruru e Vatapá em Ilhéus – sim senhor

Caruru e Vatapá em Ilhéus – sim senhor

Você sabe que QUEM COME QUIABO NÃO PEGA FEITIÇO ??? É um provérbio africano e o quiabo é um fundamento do candomblé, religião de matriz africana tão relevante na constituição de nossa baianidade. O modo de cortar o quiabo, a forma de cortar, a forma de comer, tudo é sagrado. Quiabo está na dieta de minha família paterna desde sempre e eu carrego isso.

Eu amo quiabo em todas as suas versões, quando eu estava no Caribe achei quiabo estrelado nanico e claro que comprei e cozinhei gostoso lá em Curaçao.

Quiabo no vinagrete, cozido no vapor, com um fio de azeite, quiabo grelhado, cortadinho de quiabo com carne seca ou com abóbora, tudo é bom demais.

Só que o Caruru é imbatível, essa receita ancestral que tanto amamos na Bahia, um tal site gringo colocou o Caruru, como a 9 pior comida Bahia, eu quase morri, mas os votantes deve ser tudo gente estranha que peja feitiço mesmo.

E se você vai passear ou morar em Ilhéus, venha logo provar essa delícia. Fazer em casa é aquela trabalheira, geralmente eu como na rua, e vou elencar os meus preferidos:

1- BERIMBAU

É uma lanchonete, mas tem comida à kilo meio-dia no almoço, é apertado, mas aconchegante, só pedir que funcionária consegue sua vaga, e a graça tá aí, se misturar aos locais, é toda SEXTA-FEIRA, VIU … comida sagrada tem ritual.

CARURU/VATAPÁ/ARROZ BRANCO E GALINHA COZIDA … TÁ… VOU ABRIR EXCEÇÃO PARA MOQUECA DE PEIXE E SÓ ….

Pede uma Coca-Cola para “rebater” … kkk, sim, amamos comer comida baiana com Coca Cola, é isso, faz parte dos hábitos modernos. Eu não sei quem é a cozinheira que trabalha lá, só sei que é uma delícia, é um caruru e vatapá de primeira qualidade, sempre que vou peço para garçonete avisar à equipe da cozinha que estava delicioso, um reconhecimento do talento de mulheres e homens que carregam esse conhecimento ancestral. Gentileza gera gentileza também.

Fica no Centro Histórico no Calçadão da Marquês de Paranaguá e combina perfeito com o City Tour com meu amigo Gregório (073-99869-2144

2- ENE Gastrobar

Fica ali na frente da Ponte estaiada Jorge Amado, perfeito para comer vendo a Baia do Pontal e o mar brilhante , eu gosto demais da comida de Ene, aquela culinária afetiva, caseira, cheia de amor, ela é muito gentil e serve quentinha Anota aí o número : 073-99159-6650. Lembrando que a tradição é quentinha de caruru com moqueca/peixe, ou com frango cozido. Amo um delivery de caruru bem feitinho. Enegastropub também está no Ifood, isso aí que é modernidade para comer Caruru na Bahia.

Comida árabe em Ilhéus – a paixão da quarta-feira

Comida árabe em Ilhéus – a paixão da quarta-feira

É super tradicional em Ilhéus a comida árabe, tivemos migração de povos da Síria, Turquia e Líbano, isso bem retratado nos livros de Jorge Amado como Terras do Sem Fim, Gabriela Cravo e Canela e A descoberta da América pelos turcos, São Jorge dos Ilhéus, vale a leitura, além claro de diversas produções científicas de egressos da Universidade Estadual de Santa Cruz- UESC, onde estudei Direito.

Uma história interessante que precisa ser contada e celebrada, que faz parte do amálgama Grapiúna, nem todos os guias exploram este potencial como produto turístico. A culinária e gastronomia trazem esses marcos culturais. Desde que cheguei aqui, na primeira viagem para fazer vestibular, fui no Sheik, que era numa casa linda no Outeiro de São Sebastião, hoje uma casa residencial, e fiquei apaixonada, nos autos de meus 19 anos, nunca tinha provado nada além de Quibe, e, AMEI.

Chegando aqui, definitivamente, para morar, descobrir os cantinhos interessantes e visitas nas casas dos amigos, cada delícia de morrer de gula, um universo mágico se abriu para mim, existem estabelecimentos em vários bairros.

Antes tinha buffet árabe no Iate, já falei aqui, mas parou por causa da pandemia e sinto falta, não deixem de conhecer o cardápio de lá, que o ambiente vale muito e é aberto ao público geral.

Eis que o Vesúvio, bar de 1919, famoso pelo Livro Gabriela Cravo e Canela, polêmico entre os moradores tradicionais da cidade, eis que este mesmo Vesúvio adota o buffet à kilo no horário de almoço e na quarta-feira é árabe !!!! Além das variedades, para todos os públicos, inclusive veganos e vegetarianos, tem a parte de comida árabe.

Amo quibe cru, tabule, pasta de grão de bico e coalhada seca, geléia de pimenta doce, charutinho, carneiro e pães sírios. Tudo é tão bom, arroz com lentilha, quibe de forno, kafta, se você não conhece, peça ajuda ao garçom ou as ajudantes, as vezes penso que certas comidas deveriam vir com manual de instruções …(caranguejo mesmo). Um dia na fila fui dizendo o que era cada coisa para a turista, no final , ela veio na minha mesa agradecer, amou tudo e sem eu ter dito, ela disse que passaria ser provar, iria no tradicional “feijão com arroz”, e fico a pensar o quanto a gente não está disposta a mudar, a provar, a se abrir ao novo, a conhecer, o quanto nos fechamos na zona de conforto esquisita.

Comida árabe no Vesúvio

Tem quarta feira que estou lá sentadinha sozinha e fico só vendo os turistas pedindo La Carte, me dá um nervoso, o garçom não avisa .. sei lá, um dia me intrometi mesmo, como boa baiana, que roda a saia: EU MOÇO, DEIXA EU TE FALAR , HOJE É BUFFET ÁRABE MARAVILHOSO, COMA BEM E MAIS BARATO, por que eles iam pedir batata frita e carne gente … me poupe, ou me poupo mesmo, que não tenho nada haver com as escolhas alheias, mas por vezes é falta de informação TURÍSTICA. Sim, culinária e gastronomia é o turismo no esplendor de sabor.

Juro que uma amiga passou 10 dias nos EUA e disse que estava com saudade de comida brasileira, eu quase morri. Ela estava em Orlando, onde tem culinária do mundo inteiro e só comia hambúrguer com batata frita, deve dar saudade mesmo … mas não é por que a comida de Orlando é ruim, é por que ela não foi no mercado, não cozinhou, não foi em food truck, não foi em restaurantes badalados na Disney, não parou de surpresa num bairro, ela não inovou, não se abriu, então come mal. me julguemmmmmm ahhhhhhhh

Voltando ao Vesúvio, é comida no kilo, então peguem pouco e depois repitam e tripitir tá valendo … kkk, amo muito repetir comida árabe, dá para tomar um chopinho e desfrutar no kibe cru, e ir indo … até chegar no carneiro e arroz com lentilha.

Não deixem de provar os drinks de Mel de Cacau, já falei aqui o que é essa bebida dos deuses ou o Suco de Morango com Laranja, delicinha e instagramável.

Deixo a fotinho da nota fiscal e lembre-se de pedir para colocar seu CPF e gerar cupons no Programa Nota premiada da Bahia. Além disso que sempre pego Nota fiscal em todo lugar que passo, e quando sou turista ainda mais, para gerar divisas no local, pedindo a nota no hotel, posto de gasolina, etc, geramos impostos para o Município e isso movimenta a economia local.

Estando em Ilhéus comam comida árabe

Leia também : Tudo que você precisa saber de Ilhéus – FAQ Ilhéus

Comida baiana em Ilhéus

As melhores moquecas de Ilhéus

FAQ ILHÉUS

FAQ ILHÉUS

FIZ UMA LISTINHA e link úteis das principais dúvidas que chegam aqui NO BLOG e no Instagram @juremacintra

Transporte na Cidade de Ilhéus

  • Uber é bom para ir aos destinos do centro, Malhado, Praias do Sul, contudo quanto mais distante, mais difícil será a volta, então se você estiver indo para o Hotel Canabrava ou Hotel Tororomba acerte logo a volta, senão ficará com angústia, dependendo de transfer caro, ou do ônibus que demora;
  • Transporte Público chega nos pontos turísticos, mas se prepare para o calor e demora, infelizmente não pensam na mobilidade urbana da cidade;
  • Táxi, tem taxímetro e cuidado com propostas por fora. Negociar é bom, mas eu só confio nos meus clientes taxistas que indico aqui Madureira (073-999818910) e Valdemir (73-991078564);
  • Rodoviária é a porta de entrada para Camamu(Barra Grande) e Itacaré, empresas de ônibus e horários tem nos sites da Rota Transportes, Cidade Sol e Águia Branca;
  • Perto da rodoviária não tem hotéis nem lugares para madrugar até pegar o ônibus para outras cidades; vai chegar tarde e pretende viajar no outro dia? Já falei aqui de pousadas baratas no bairro Pontal, têm ônibus cedinho e a linha do transporte público é a “TEOTÔNIO VILELA”;
  • Praias : são todas acessíveis de carro ou ônibus, algumas com barracas e outras bem isoladas, cuidado ao parar carro em local deserto demais, já rolou assaltos e até estupro;
  • Supermercados: temos todas as grandes redes atacadistas, vindo pela BR 415 temos Atacadão , aqui no Sul o Assaí e outro Atacadão e no Pontal , o G Barbosa, mas gosto mesmo de valorizar as feiras livres como Malhado, Guanabara e Urbis. Mercados pequenos e empórios são muitos e espalhados pela cidade;
  • City Tour, vale muito a pena. Se você anda sozinho vai achar que Ilhéus não tem nada, já que a Prefeitura não tem política de turismo séria, e estamos em 2024. Então sempre indico o Guia Gregório 073-99869-2144 ele te mostrará as entrelinhas por trás de cada cantinho do centro histórico, é muita coisa interessante.
  • Museus: Museu da Capitania, Memorial da Piedade(pequeno mas bonito), Casa de Jorge Amado;
  • Mala de Viagem: o que não pode faltar é tênis, sandália, protetor solar, um xale ou blusinha de frio que de noite pode ventar, uma roupa de trilha leve, biquíni e tchau. Faz calor o ano todo, mas os dias de frio podem acontecer.
  • Passeios de barco e observação de baleias: Ecosul Turismo: 73-99977-6437 , Babito : 73-99979-7753, Vitamina -Royal Charlotte- 073-998351663;
  • Chocolates: Visitem as fábricas de chocolate Bean To Bar e provem chocolate fino, não são caseiros, são finos pois as amêndoas são selecionadas e o modo de fabricação seguem critérios rigorosos.
  • Por do Sol: no bairro Sapetinga e embaixo da ponte Estaida Jorge Amado, na Praça Mãe Laura, tem barzinho e food trucks, é lindo de encher o coração. Se estiver de carro, vaia a dica: piquenique na Sapetinga com vinho e aperitivos;
  • Ponte e trânsito: desde julho de 2020 já tem a ponte nova, mas não se engane, aqui tem protesto e se planejem, usem o waze quando for para aeroporto, agora temos mais 1 opção e cuidado com radares;
  • Surf: Ilhéus é PICO, já temos a IOS Surf House, com hospedagem, loja e pranchas, aulas particular procurem Gabriel Macedo – 073-991925555 ou pelo Instagram Xpro surf . As praias mais badaladas são a Praia da Avenida na frente do GAP, onde já tem o Caminho do Mar, Pedra da Cachorra, na frente da Pousada Costa do Cacau, Backdoor em Olivença
  • Hospitais : Hospital São José no centro da Cidade atende SUS e o Hospital Costa do Cacau na rodovia BR 415, e particular Hospital de Ilhéus na Cidade Nova. Cartão do SUS sempre é útil.
ROTA DO CHOCOLATE- Visitando a Dengo Origem e Fazenda Conduru

ROTA DO CHOCOLATE- Visitando a Dengo Origem e Fazenda Conduru

ROTA DO CHOCOLATE : VISITANDO A DENGO ORIGEM E A FAZENDA CONDURU

Já ouviu falar do Chocolate Dengo ? Aquelas lojas em shopping ?

Pois é, mas a ideia surgiu aqui no Sul da Bahia e nesse afã de conhecer o máximo de Fazendas finalmente fomos na Experiência Dengo Origem dentro da Fazenda Conduru.

Claro que mandei uma mensagem e conseguimos um voucher de desconto. (073-99846-8882)

Saímos de llhéus 11:45 e no total marquei uma hora de viagem, sentido Itabuna, ali no viaduto, seguimos pela direita através do semi-anel Rodoviário que termina na BR 101, logo depois da Nova Califórnia, na entrada de Mutuns, já vemos a plaquinha: Dengo Origem. SE você errou e parou na BR 101, volte, coloque no Google Maps que dá certinho.

São mais 06 km de estrada de chão, carro pequeno vai, mas tenha paciência se chover. Foram 15 minutos até chegar na sede, os pórticos e um segurança já nos deixaram animados.

E quando chegamos na Agrícola Conduru, que emoção, que paisagismo lindo em meio à mata de cabruca, o cacau novo, árvores jovens, tudo muito produtivo. Já fiquei impactada na chegada, tudo bem sinalizado.

O restaurante Cabruca logo se mostra gigante e belo, grandes portas de madeira abertas, parece dentro da mata; Não é preciso agendar se você for apenas almoçar ou lanchar, funciona de quarta à sábado das 09:00 às 16:00 e tem um café bem charmoso, contudo recomendo agendar para obter informações da estrada, do tempo e se está cheio ou não. Cardápio pequeno, enxuto, mas tive vontade de provar tudo, com certeza terei de voltar mais vezes pois fiquei com desejo, sou gulosa. Tem opções veganas e o legal é que eles divulgam o cardápio no site www.dengoorigem.com.br, ou seja, sem surpresas de preço e gentil com quem tem restrições alimentares.

Pra começar os trabalhos do dia o clássico Gin com Mel de Cacau, drink que amo de paixão e nunca falta em minha casa.

Provamos tudo, de entrada, 4  coxinhas  baiana de xinxim de frango, salada Agrofloresta e de prato, o Rota do Mar, dourado com redução de capim santo. Recebemos de cortesia o suco Cabruca, é com letra maiúscula mesmo, eu amo suco de cacau e já falei aqui que deveria ser objeto de desejo de turistas que vem no Sul da Bahia. Olha  o pulo do gato, eles fazem assim: colocam polpa de cacau, ao invés de usar água, colocam Mel de Cacau e adoçam com melado de cacau, voilá, que ideia genial, pra que água se temos Mel de Cacau?  E se você não sabe o que é esse néctar fermentado vegano, clica aqui, que até poema já fiz de tanto amor, tudo com canudo de bambu ecológico e flores comestíveis enfeitando.

A salada tinha um molho incrível com limão balão e Mel de Cacau, e as castanhas de caju caramelizadas crocantes ? Ô vontade de comprar cinco mil kilos daquilo e nunca mais desgrudar.

O prato principal  se chama Rota do Mar, leva taioba, capim santo e musseline de abóbora, tudo gostoso demais, um equilíbrio perfeito. Sobremesa eu provei o mousse de chocolate 70% e Anderson a cocada de forno, de comer rezando mesmo. A cumbuca de coco em que são servidos nos alerta, pra que potes descartáveis em doces, pra quê? Se temos tudo de bom na natureza. Por cima do mousse tinha um chocolate ralado tão suave, fofinho, delicioso e chocava com a rusticidade do nibs, um equilíbrio intrigante.

O ambiente todo aberto, ideal para ir com crianças, tem parquinho, redes, lápis de cooriri e podemos ver os pequenos enquanto comemos, tudo lá é instagramável, as cadeiras de design, cada peça de decoração, cada pá e esteira nas paredes, é baianidade pura. Primeira vez, sabe como é, eu olhava tudo com encanto, não deixem de ter esse olhar quando entrar nos locais; do lustre aos detalhes do banheiro, olhem… alguém se esforçou em fazer esta composição.

O TOUR : DO CACAU AO CHOCOLATE

Nosso almoço terminou 14:10  e logo começou o tour, era dia de sábado e aí vai a dica, acho que o Tour na semana deve ser mais legal por que a produção está funcionando, ver os trabalhadores fazendo mesmo, colhendo, lavando, processando o cacau  outras frutas, nada lá é fake. E esse é um tema espinhoso, sim, eu já fui em vinícola Fake e só descobri depois . A Dengo é Origem e Original ou seja, as coisas acontecem mesmo, é uma agrícola produtiva, mas como fomos sábado de tarde, os trabalhadores CLT  já tinham terminado o turno. Bom saber o respeito ao trabalho decente hein? Depois das denúncias em Bento Gonçalves, minha ótica sobre o vinho brasileiro mudou e só voltarei lá depois do cumprimento de todos os itens do acordo com o MPT- Ministério Público do Trabalho, e não estou sendo radical, estou sendo justa, meu dinheiro de turismo e enoturista não irá financiará trabalho análogo   à escravidão. Então quando vejo coisas certas, eu exalto mesmo e como vocês sabem , aqui são impressões reais de uma turista, já que tudinho foi pago com meu suor, não é publi e respeito os influencer que fazem com responsabilidade e consciência de classe.

Começamos calçando as perneiras por segurança, Mata Atlântica gente, é muito bicho mesmo. Seguimos por um caminho cheinho de pássaros, até adentrar na Cabruca.

Nos ensinaram como fazer um muda, entramos no viveiro de enxertia. Depois atravessamos uma roça  MUITO PRODUTIVA, lindo de ver e fotografar. Cacau é lindo demais e na Dengo todas as cores da paleta são verificadas. Cacau tem paleta de cores, sua casca é um riqueza de colorimetria.

Num mini-barracão, paramos no meio do caminho  para quebrar e degustar cacau, entender sobre colheita e produção, tivemos a honra da companhia da agrônoma Marina Paraíso que atua no empreendimento e foram muitos aprendizados novos.  

Seguimos para casa dos cochos, tudo monitorado com termômetros para garantir uma fermentação perfeita com muita higiene e ciência.

A Dengo tem barcaças comuns e este é o cacau comodities que você compra em qualquer mercado e tem também as estufas especiais que garante uma secagem rápida, eficiente, que vai para produção de Chocolate Fino. Aqui já sentimos aquele cheiro gostoso de chocolate exalado pelas amendôas em secagem.

A Casa da Degustação é linda demais, já dá vontade de passar a tarde toda lá conversando. É apresentado um vídeo de 03 minutos sobre a fabricação no modo Dengo e Bean to Bar, tem as máquinas em tamanho menor e claro, a degustação de 04 tipos de chocolates, com um mapa sensorial para testar os olfatos e paladares mais apurados, e haja apuração, eu com rinite alérgica as vezes não sinto nada, mas a questão do Slap(ouvir o barulho ao quebrar), aparência e textura, já estou ficando craque.

Um pedido especial: LEIAM AS PLACAS, elas estão ali com muito conteúdo importante, acho chato turista que não tá nem aí pra nada, eu estava numa vinícola linda e o cara estava bêbado, disperso e fez xixi no parreiral, vi de longe, mas juro que se fosse em meu grupo eu pediria para ele se retirar. As placas da Dengo Origem em Português e Inglês tem bastante informações e você descobrirá que chocolate é um alimento mesmo dos Deuses, menos açúcar, mais cacau, este é o lema do movimento sulbaiano.

Se você não entendeu, basta comparar com vinícolas, cada uma tem o terroir, as condições físico-químicas do solo que mudam o gosto de uma comida, e por mais que a genética da Uva Cabernet Franc seja a mesma e imutável, o solo, o clima, e o enólogo darão um formato para cada lote de vinhos. Assim, é o cacau, Parazinho ou Trinitário, a genética é igual, mas o solo, a adubação e a receita do chocolatier sempre mudará, e essa é a mágica, visitem quantas Fazendas de Cacau puderem e fábricas de chocolate também, e assim cada dia você perceberá mais o que é fake ou não em uma produção e irá apurar o paladar. Eu como 80, 90% tranquilamente e harmonizo com vinhos, mas só consegui isso com muita comilança e ouvindo as pessoas, os eventos, como o Festival do Chocolat que em 2023 está na 30ª edição.

 Esqueça este nome de “chocolate caseiro” ou “artesanal”, aqui em nossa região são indústrias pequenas ou médias ou multinacionais, que usam de muita tecnologia e ciência para fazer Chocolate Fino ou Bean to Bar, do grão à barra. A produção pode ser pequena, mas não é “caseira”, é chocolate fino com amêndoas selecionadas e até premiadas internacionalmente.

Todo o circuito é uma delícia e se caminha um pouquinho, vá no banheiro antes.  Se estiver nublado, não recuse o guarda-chuva como nós e divirta-se, ainda dá para tomar um cafezinho na saída e fazer mais fotos lindas. Eu perguntadeira que sou falei sobre nosso projeto de compostagem  do GAP e perguntei da adubação e descobri que a produção é biodinâmica, como produção de E.M. MICRORGANISMOS EFICIENTES   e composto orgânico também, amei saber de toda essa parte de sustentabilidade no enriquecimento do solo. Lá produzem frutas desidratadas e como a produção de chocolate é alta, precisam comprar de fora , garantindo preço muito melhor e justo para centenas de pequenos produtores de todo o entorno e outras cidades, preço justo e produção responsável, práticas Lixo Zero, como não se encantar com essa união de valores que estampam as fotos dos parceiros em cada parede ?

MEU SENTIMENTO PESSOAL

Não é só um projeto econômico, parece mesmo um projeto de vida dos idealizadores e proprietários, ilusão minha? Não sei, só sei que é bom demais, comer bem, provar chocolates deliciosos e saber que não houve exploração nem de trabalhadores nem de produtores. Uma amiga me disse que não sente graça, nem vontade de visitar fazendas de cacau, mesmo sabendo do turismo de experiencia, por que ela só lembra da sua infância sofrida, do trabalho árduo e desvalorizado dos pais e avós humildes, está aí um paradigma a ser quebrado. Aquela época de coronelismo, mortes, grilagem, exploração, economia imperialista precisam ficar no passado, o momento é de sustentabilidade , ESG, trabalho decente e muito chocolate de qualidade, é um movimento decolonial, que acredito estarmos vivendo.

Visitem.

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