O que não te contam sobre o Jalapão

O que não te contam sobre o Jalapão

Por favor entendam que este post não é sobre o território do Cerrado brasileiro, o Jalapão e todos os seus municípios e povos tradicionais são lindos, exuberantes e de uma beleza estonteante, estou ansiosa para ir de novo.

Tanto tempo viajando pelo mundo e vacilei em fazer pouca pesquisa, a minha bronca é sobre o marketing e sobre agências “famosinhas”. Sabe aquele post da “brogueirinha” ??? da influencer ?? é tudo fake, ou melhor pode até ser verdade , mas este tratamento que você NÃO terá.

Antes de tudo deixa eu esclarecer que sou da Bahia, do interior, acostumada com roça, com mosquito, com estrada de chão, acostumada em tomar água de pote e colher fruta do pé. 100% sem frescura, mas … tudo tem o massssssssssssssssssss… quando você paga por um serviço “vip” “sem limite” é isso que você imagina receber e não, não vão te dar.

Eu não vou citar nomes de empresas. Senti exatamente o que meu cunhado me falou, é MUITO CHÃO PARA POUCO PASSEIO. Você vai ficar horas e horas sacolejando no carro e ficar apenas 15 minutos em 1 atrativo, isso se em seu carro não estiver num grupo tão mau humorado, que nem do carro desce e se você não insistir, nem entra nos lugares. Isso mesmo a pessoa anda 2 horas de carro numa estrada de chão e quando chega no atrativo desiste, por que está cansada.

Ao que parece a maioria das agência CRIAM A DIFICULDADE para te vender a FACILIDADE. Inventam que é impossível andar pelo Jalapão sozinho e isso não procede, precisa de guia e é fundamental, mas custará mais barato contratar um particular e desfrutar bem cada cantinho do que ficar na paranoia de agência.

Vamos lá.

Eu estava de Jeep, eu avisei na agência, eu disse que ia da Bahia, melhor de Seabra para Palmas de carro e eles me convenceram que deixar o carro lá na capital e fazer 05 dias de roteiro era o ideal, por que os grupos saem todos da “base”.

Daí na ida sabe o que descobri ???? Que a Lagoa do Japonês , município de Pindorama, estava no meu caminho, ou seja, no primeiro dia da ida para Palmas, eu MESMA PODERIA TER ENTRADO via TO 130 , curtido o passeio, almoçado (um peixe que parecia ser delicioso, e curtir o dia. A lagoa não é lugar para apenas tirar foto em barquinho transparente não. É um complexo de lazer, tem tirolesa, tem restaurante, a lagoa é grande, tem sorveteria, é bom para criança passar o dia inteiro. Eu fiquei apaixonada e com muita vontade de ficar. Essa foi a primeira furada. Quando vi as placas no caminho chega fiquei roxa de não ter ido por conta própria.

E só ficamos 1 hora, ô raiva, vocês tem noção que andamos 04 horas de ida, 04 horas e meia de volta para Palmas e só ficamos lá 1 hora . Pior se você ficar nos bancos do fundo da Pajero, sim, são 06 passageiros e vc fica lá apertado, morrendo e sacolejando muito. Parece que as pessoas se satisfazem apenas com fotos produzidas e nada mais importa.

Eu estava de carro, carro bom, 4x 4, eu avisei aos miseráveis e ainda assim eles me dissuadiram : “é longe, seu carro pode quebrar, com agência é mais seguro”, eu cai nessa BALELA. afff

Segunda furada, o seu grupo terá mais 05 pessoas; olha, se você não está com amigos, você vai num grupo estranho, vai ficar horas e horas no carro, vou repetir : sacolejando, e se as pessoas forem reacionárias, vocês está lascado literalmente, ouvir aberrações durante 05 dias é traumatizante. Repito, mesmo que tenha revezamento, você vai ter de ir durante um período nos bancos do fundo, entrar e sair é bem chato. A coluna e as pernas sofrem com o aperto. Leia o contrato, e não seja enganado.

Terceira furada, esse negócio de all inclusive; ô santo deus, cada lugar legal para comer, cada cantinho charmoso e não podíamos parar por que não estava no pacote das agências. Comida caseira é uma delícia, amei a comidinha, mas experimenta serem iguais 10 refeições, almoço e janta , seguidamente. No último dia a gente foi comer hamburguer, barato e delicioso. O jantar do Reveillon foi sofrível, mesmo comida simples, a pousada não sabia fazer não, o lombo estava igual um pau de tão duro e a sobremesa até estava gostosa mas acabou logo. Os lanches não tinham nada de saudáveis e os almoços não tinha nada de típico, nem um arroz com pequi.

Por exemplo, em Mateiros tem o Mama Cadela e no Parque Estadual do Jalapão, onde amarram as fitinhas tem um bar transadissimo com música ao vivo e não podíamos parar no Recanto das Dunas. Ahhhh, que falta fez nosso Jeepinho para ter liberdade e autonomia, se seu carro tem seguro, baixe os mapas off line e vá.

Quarta furada: os hotéis. Você chega lá e descobre que tem fervedouros com pousada ao lado, que tem entrada exclusiva para os hóspedes sem filas, como Formiga Ecolodge e a Pousada e Fervedouro Bela Vista; ficaria ali facinho , facinho. As pousadas escolhidas por nossa “agência dos famosinhos”, a porta era tão fina que a gente ouvia tudo , corredor, etc, torneira e chuveiro pingando e no reveillon tiveram de pegar as cadeiras da Prefeitura, com certeza “emprestadas”, porque não tinham cadeira suficientes pra festa, o DJ a gente ria de raiva ou de vergonha por ele mesmo, mas abstraímos, não era simples, era sofrível, eu ri muito da situação.

Quinta furada: a Lagoa do Japonês no último ou primeiro dia, é muito chão para pouco passeio, lugar é lindo, vale passar o dia inteiro. Outra coisa : não é Jalapão, é longe mesmo e os roteiros amarrados e vendidos por 100% das agências deixam de fora o Cânion Encantado em Pindorama, mesmo município da Lagoa. E o almoço poderia ser na Lagoa, víamos a Costela de Tambaqui passar lindíssima e cheirando bem e sequer dava tempo de almoçar, nem tomar cervejinha, imagina ir sacolejando, se optar por agência, tome seu remedinho.

Por favor não façam Taquaruçu com agência, são apenas 32 km de Palmas , vale alugar um carro e ir curtir 2, 3 dias, bem tranquilos, restaurantes deliciosos como o Babaçu e a Pousada da Aldeia, um primor, fizemos tirolesa, jantamos bem, café da manhã delicioso, massagem no Spa Capim Santo, nada disso vivenciaríamos com agências, que faz tudo cronometrado. Ficamos na vontade de conhecer as dezenas de cachoeiras.

Sexta furada, o roteiro engessado, sequer visitamos territórios quilombolas para interagir com a comunidade, não tivemos experiências proveitosas, somente nos levaram na lojinha de capim dourado e tchau. Que horrível, ao tentar conversar com a proprietária, uma artesã quilombola super gentil e com vasto conhecimento, todos do carro ficaram de cara feia pra mim, com “pressa para ir pro hotel”, ou seja, você não vivencia nada, só a distância e chão no lombo.

Então senhores, se vocês forem no meu Instagram, não tem menção nem marcação da fadada agência, não é meu objetivo detratar, mas informar que sim, tem AGÊNCIAS QUE SE SALVAM, EU FIQUEI observando, e achei a Cerrado Dourado e a Jalapão Expedições muito mais honestas pelo que vi lá com os clientes, e no insta deles. O cuidado ao falar de cada comunidade e sobre a cultura. Não, eles não sabem que eu estou aqui fazendo esse desabafo e nunca os vi nem pintados de ouro. É apenas para dizer que no meio desse turbilhão de decepções existem pessoas sérias. Engraçado que ao conversar com uma “amiga da vizinha da roça”, ela me disse a mesma coisa, trabalhou lá e ficou horrorizada com a politica das agências, que é “criar dificuldade para vender uma suposta facilidade”.

O que eu faria de DIFERENTE, assim como minha colega Evelyn foi para o Atacama por conta própria e desmistificou para mim o turismo de aventura com autonomia e alugando carro, eu faria o seguinte: CONTRATARIA um guia local que pouquíssimo na diária e a gente fez um caixinha de gorjeta. Mesmo com gasolina, pagando o guia por 4 dias, mesmo pagando a hospedagem do guia e os almoços, ainda assim, sairia mais barato do que o pacote de Reveillon que foi um engano, “ceia de Ano Novo, DJ e 1 champagne”, nem vou postar as fotos para que vocês não reconheçam o lugar, eles não tem culpa.

Jalapão é lindo, é um destino bem rústico e o Tocantins está se capacitando e investindo em Ecoturismo, mas infelizmente sempre tem empresas que abusam dos turistas. Para os influencers uma viagem inesquecível, eu VI COM MEUS OLHOS, só 2 pessoas no carro, máximo 4, super confortáveis, entravam primeiro na fila dos fervedouros para fotos e para os abestalhados que pagam a viagem, um guia/motorista que chamou os quilombolas de “preguiçosos” e o reveillon chegou mais cedo viu… hablei miesmo. Mas foi o guia de outro carro, contudo da mesma agência.

Vou deixar o nome e telefone de Kenner, guia quilombola que pode te ajudar em roteiros personalizados, e sim, baixando os mapas off line no seu celular , dá para fazer tudo, sabendo que as cidades lá são bem minúsculas e longe uma das outras . Kenner 063-992147581. No instagram colocando #guiajalapao você encontra outros profissionais autônomos.

Por favor não desistam de visitar o Jalapão, o meu erro foi ter pesquisado pouco e o algoritmo só me levava para as publicidades das agências, leiam blogs de gente real, de pessoas comuns, para depois tomar sua decisão. Eu estou doidinha para voltar e na época que não chove e com amigos para ficar bem legal os deslocamentos.